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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Zulu envolve leitor em universo verossímil de uma Cidade do Cabo fragmentada

Com enredo que se passa na África do Sul ainda assombrada pelos ecos do apartheid, obra premiada apresenta thriller com doses precisas de violência e obscuridade

Ali Neuman, personagem central da história, é oriundo do bantustão de KwaZulu – um dos territórios destinados à população negra durante o regime segregacionista. Ainda criança, teve que fugir da perseguição promovida pelas milícias do Inkatha, que guerreavam contra o clandestino ANC (Congresso Nacional Africano), de Nelson Mandela. Ambientada em uma África do Sul dividida e conturbada por anos de apartheid racial, deparamo-nos com as contradições da democracia embrionária do país.
Ali é um homem que precisa deixar o passado para trás e recomeçar uma nova vida. Ele se formou em direito e chegou ao respeitado cargo de chefe da polícia criminal da Cidade do Cabo, a “vitrine” da África do Sul. Entretanto, seu trabalho o obriga a lidar com algumas questões centrais: a aids, a violência extrema e o tráfico de drogas. A situação se agrava quando a filha de um ex-campeão nacional de rugby da elite branca é encontrada cruelmente assassinada no Jardim Botânico de Kirstenbosch. Ao que tudo indica, uma droga de composição desconhecida parece ser a causa do homicídio, e ele opta por fazer uma investigação paralela.
Brian Epkeen, o hábil, porém rebelde, tenente da equipe, e o jovem Dan Fletcher, braço direito de Neuman, são designados para desvendar o crime, ficando no encalço do assassino. Entretanto, eles não têm a menor ideia de onde estão se metendo, uma vez que embora o apartheidtenha acabado oficialmente, velhos inimigos continuam agindo à sombra da nova ordem estabelecida. Esse é um enredo de personagens atormentados e multifacetados que se mostram realistas para quem se dispõe a embarcar em uma trama permeada por muito sangue, crime organizado e o racismo latente de um continente que esboçava a construção de uma sociedade igualitária.
O jornal britânico The Guardian afirma em crítica que “Os leitores de Zulu encontrarão raros intervalos de alívio, mas aqueles que perseverarem serão brindados com uma história de primeira”. O livro ganhou as telas dos cinemas em 2013 com o ator Forest Whitaker no papel principal e Orlando Bloom, vivendo o personagem Brian Epkeen, com a assinatura do diretor Jérome Salle.

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