Seguidores

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Edifícios icônicos do Brasil por Osmar Carioca‏

EDIFÍCIO BIARRITZ


O Rio de Janeiro é influenciado pela arquitetura francesa há quase 200 anos. Houve a missão francesa, depois o modernismo de Le Corbusier e, agora, a nova missão, com Christian de Portzamparc (Cidade da Música), Phillippe Starck (Hotel Fasano) e Jean Nouvel (com o naufragado Guggenheim). Menos conhecidos, são os outros arquitetos franceses que aqui trabalharam na primeira metade do século XX, como Joseph Gire, do Copacabana Palace, especializado no neoclássico francês, e Henri Sajous, que criou prédios art déco. É de Sajous, autor também do edifício da Mesbla e da Igreja da Santíssima Trindade, na rua Senador Vergueiro, um dos décos mais significativos da cidade, o Biarritz.
O edifício no número 268 da praia do Flamengo é do início dos anos 40 e tem duas confortáveis unidades de quatro dormitórios por andar, com pequena diferença de tamanho entre elas. Das cinco varandas por piso que marcam a fachada, o apartamento mais perto do centro possui três módulos e o mais perto de Botafogo, dois. As duas unidades são ótimas: confortáveis e com acabamentos impecáveis para a época.FS
O arquiteto francês que construiu o Biarritz não teve muito trabalho na concepção: fez o prédio exatamente igual a outro que existe até hoje na avenida Montaigne, em Paris.

Um dos moradores mais ilustres do prédio foi Percival Farquhar, que ocupou a cobertura até 1952 (na minissérie Mad Maria, foi o vilão encarnado por Tony Ramos). Farquhar, que já nasceu milionário, tornou-se um dos maiores empresários do mundo. Começou em 1898, arrematando os bondes de Havana. Em 1912, encarnava a globalização da belle-époque latino-americana. Em dinheiro de hoje, o investimento das empresas que criou na região chegava a vários bilhões de dólares. Fez maus negócios no Sul e na Amazônia, mas faliu, em 1913, porque exagerou na especulação com o papelório.
O Biarritz sempre foi calmo, até porque seus moradores não se mudam com freqüência. A única pessoa que fazia o Biarritz ferver era Harry Stone, o poderoso representante da Motion Pictures no Brasil, mais conhecido como o embaixador de Hollywood no Brasil. A cada estrela que ele convidava para conhecer o Rio, o edifício estremecia (e os cineastas brasileiros o odiavam).
O Biarritz tem um belo jardim interno e, como o apartamento de Harry Stone era térreo, dava a impressão de que todo aquele verde pertencia só a ele. A nova proprietária do apartamento é Lourdes Catão, que, depois de viver trinta anos em Nova York, voltou, e só moraria em um apartamento assim: cheio de charme e totalmente silencioso, o que é raro de encontrar no Rio de hoje. DL

Nenhum comentário:

Postar um comentário