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terça-feira, 29 de maio de 2012

Espetáculo de improvisação explora emoções e promove interatividade com a plateia



Nova temporada de No Fio da Meada, do diretor, ator e improvisador, Marccão Freire, está marcada para começar dia 1º de junho, no Teatro Lala Schneider



Com apenas dois personagens, um idoso em idade avançada e seu enfermeiro, e as sugestões de acontecimentos vindas da plateia, é que o ator, diretor e improvisador, Marccão Freire, dá o tom do espetáculo No Fio da Meada – Memórias Inéditas de Uma Vida Improvisada ao lado do colega de cena, o ator Ed Canedo. Concebida em formato inédito para o público paranaense, a peça estará em cartaz durante todas as sextas-feiras do mês de junho, começando na próxima, dia 1º de junho, na sala dois do Teatro Lala Schneider, sempre às 21h. O enredo objetiva trabalhar as emoções dos personagens por meio das informações passadas pelo público minutos antes do início do espetáculo.
Diferentemente do que a maioria das pessoas pensa a respeito do teatro de improviso, mais conhecido pelo formato de jogos em que a comédia deve prevalecer, Marccão Freire demonstra que é possível improvisar focando nos demais gêneros teatrais existentes. No Fio da Meada acontece por meio da conversa entre os dois (e únicos) personagens, partindo da vontade do enfermeiro de encorajar o idoso a contar suas histórias de vida, sejam elas boas ou más, por meio de anotações de algumas palavras soltas que este escreve numa espécie de diário de memórias. O desenrolar dos acontecimentos, improvisados pelos atores, é delineado pelo público, cujos temas, propostos antes do espetáculo, vão construindo a peça. Para ele, dessa forma, o inusitado está previsto. “Cada dia uma vida será apresentada, variando de acordo com o repertório oferecido pela plateia”, destaca.
Para chegar a este resultado, o diretor explora um estilo de improvisação conhecido como long form. Trata-se de um formato mais teatral em que as cenas são mais longas do que as encenadas na improvisação tradicional e as características dos personagens mais exploradas. Freire conta que descobriu o estilo ao participar de uma oficina ministrada pelo improvisador argentino, Ricardo Behrens, há dois anos. “Percebi que era possível criar uma história com enredo totalmente improvisado a partir de técnicas de improvisação específicas”, explica, frisando que o objetivo são as cenas de longa duração.
Para “amarrar” todo o espetáculo sem que ele perca a qualidade, conta com a colaboração do roteirista Glauber Gorski, que ajudou na criação de um roteiro no qual atores pudessem se guiar. “Através dele sabemos que a apresentação dos personagens começará fria e rasa, pois ainda não sabemos nada deles, até que surgem algumas memórias que precisarão ser relembradas para que o público consiga montar o mosaico de lembranças do personagem principal”, detalha. Ao final, a peça apresenta uma linha lógica dos acontecimentos da vida do protagonista. “Chega então o momento que todos, de fato, conhecerão a pessoa e saberão se a vida que ela teve foi boa, má, sofrida, alegre ou o misto de tudo isso”, acrescenta.
Neste contexto, a plateia é quem alimenta o espetáculo fornecendo informações que resumam lembranças de suas próprias vidas. “As palavras ditas são anotadas em folhas, antes do início do espetáculo, e colocadas dentro do diário do senhor de idade. Em seguida, o enfermeiro as consulta e tenta fazer o idoso relembrar de sua trajetória através das anotações, ou seja, por meio das palavras soltas que foram sugeridas”, conta. Como recompensa, os espectadores são surpreendidos por diferentes emoções, além de presenciarem um novo modelo de teatro. “Eles podem assistir algo fresco e puro, que está, de fato, acontecendo à sua frente”, destaca, lembrando que a entrega nas cenas é tão grande que tem gente que sai do espetáculo achando que algumas não foram improvisadas. “De tão ‘certinhas’, alguns pensam que são ensaiadas”, diz.
Freire admite ter tido certo receio ao idealizar a peça. “Eu temia o fato de carregar o fardo de ser o responsável por criar, ao vivo, diferentes histórias que fossem interessantes a cada espetáculo”, conta. Porém, com treinos diários de cerca de quatro horas, ele e Ed Canedo concluíram que ao dividir a responsabilidade durante os aproximadamente 60 minutos de espetáculo, a peça não só era possível como tinha tudo para ser um sucesso. Segundo o ator, o que facilita muito é o fato de tudo o que é criado em cena ser verdadeiro. “Quando se consegue alcançar o objetivo de viver um personagem dentro de uma improvisação não há erros, só acertos. Nossa vida já é uma constante improvisação, então, se conseguirmos trazer vida para dentro do espetáculo já estamos alcançando o nosso objetivo: o de criar algo pulsante dentro do palco”, finaliza.

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