Já está em andamento o prazo para as manifestações da sociedade a respeito do tombamento do Conjunto Histórico e Paisagístico do município de Antonina, no Paraná. O Diário Oficial da União – DOU, do dia 29 de junho, publicou as poligonais da área tombada e de entorno, conforme o dossiê elaborado pela Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Com a publicação, toda a área está sob a proteção federal e não pode sofrer danos. Os proprietários de imóveis que quiserem se manifestar a respeito do tombamento devem encaminhar correspondência para o presidente do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, para o endereço: SEPS, Quadra 713/913, Lote: D, Edifício Lúcio Costa, Brasília, Distrito Federal - CEP: 70.390-135.
A proposta de tombamento de Antonina partiu da identificação de duas distintas áreas situadas entre as margens da Baia de Antonina e o sopé dos morros que envolvem a cidade: o Centro Histórico e o complexo das Industrias Matarazzo. Para proteção da área tombada, o entorno proposto pelo Iphan-PR engloba os conjuntos, os morros que emolduram a cidade e parte da Baía de Antonina.
Com a construção da capela de Nossa Senhora do Pilar no outeiro da Graciosa em 1714, inicia-se o desenvolvimento do núcleo urbano. Um dos eixos, a antiga Rua Direita - atual Rua XV de Novembro -, seguia paralelo à orla do mar em direção a Fonte da Carioca. O outro eixo, a antiga Rua do Campo - e atual Rua Conselheiro Alves de Araújo -, seguia em direção ao Saivá, de onde partia a Estrada da Graciosa.
Com o crescimento da população, em função da exploração do ouro e do porto para o desembarque e comercialização de mercadorias, Antonina foi elevada a Vila em 1797. A partir de 1820, a implantação de engenhos de erva mate para exportação para os mercados dos países platinos e do Chile possibilitou a retomada das atividades portuárias e levou a um rápido crescimento urbano, com a abertura de novas ruas, a construção das igrejas de São Benedito e Bom Jesus do Saivá, a construção do primeiro trapiche e do mercado.
A partir de 1914 houve um novo período de crescimento para a cidade, com o início das atividades das Indústrias Matarazzo na região do atracadouro de Itapema. O conjunto Matarazzo era composto por estruturas para o processamento do sal, açúcar e trigo, e contava ainda com um porto e uma vila para os funcionários. Nesta época o crescimento urbano foi alterado, pois a cidade passou a crescer em direção às Indústrias Matarazzo e ao longo da linha férrea em direção a cidade de Morretes.
A partir de 1930, inicia-se o processo de decadência do porto devido à falta de investimentos, ao assoreamento dos canais da baía e ao progressivo aumento do calado das embarcações. Várias empresas fecharam as portas levando Antonina, mais uma vez, à estagnação econômica. Em 1972 houve o fechamento das Indústrias Matarazzo, e 1976, do ramal ferroviário.
O acervo arquitetônico do centro histórico revela os vários períodos pelos quais a cidade passou, com exemplares luso-brasileiros, ecléticos, art-déco e modernistas. A configuração urbana original foi preservada com edifícios alinhados aos lotes e sem recuos laterais. A cidade apresenta ainda vegetação limitada a praças, largos e miolos de quadra. A forte relação da cidade com a baía resultou no trapiche municipal, utilizado para funções portuárias, de lazer e de contemplação do mar em uma área marcada pelas ruínas do antigo Armazém do Macedo, pelo arrimo em pedra do antigo cais e pela Igreja Matriz no alto do outeiro.
Ainda na margem da baía, em uma pequena península separada da área urbana, localiza-se o conjunto das Indústrias Matarazzo, constituído por instalações industriais e portuárias, uma pequena vila operária, uma escola e a residência de seu proprietário. Outros conjuntos de destaque em Antonina são o da Rua XV de Novembro, com edificações do período colonial, o da Rua Carlos Gomes da Costa, com edificações ecléticas e art-déco que testemunham o desenvolvimento da cidade com o aumento das atividades portuárias.
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