Ouvi uma história interessante sobre a construtora Thá que aconteceu há pelo menos uns 60 anos atrás. Meus avós já haviam contratado os "Thá", como eram conhecidos, para construir um outro imóvel, então recorreram novamente a eles para edificarem a casa da família. O terreno era uma travessa de paralelepípedo da tranquila Avenida do Batel dos anos 50. Era tudo tão parado e sem movimento que a passagem de carroças lentas e rangentes se transformava em novidade. Lá na construtora as coisas eram caseiras também. O projeto era desenvolvido a quatro mãos: duas da dona de casa e duas do engenheiro da empresa. Feito o contrato de custos e tempo, iniciou-se a obra. Acontece que junto com a construção começou também o galopante processo inflacionário que deixou meus avós quase sem condições de cumprir o contrato. Ao final, quando estavam contando tostões, receberam uma ligação dos irmãos Thá (Orestes ou Mikare), solicitando a compra de todo madeirame utilizado na obra que havia sido por eles adquirido. Mas que madeiras perguntaram eles, se na casa já não havia mais nada. Toda madeira utilizada para escorar, montar armaduras, etc. Mas onde está isso tudo? Perguntaram eles. Está tudo aqui, respondeu o engenheiro, querem vender? O dinheiro da venda foi tão bem vindo que propiciou a eles um passo que, aquela altura, já estavam completamente impossibilitados em dar. Tenho certeza que essa conduta de seriedade, dignidade e respeito com o cliente ajudou, em muito, a sedimentar os caminhos, com subidas e curvas que tiveram que enfrentar esses valorosos irmãos Thá, durante essa longa estrada de 115 anos.
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