Dia 8 de abril, a UniBrasil recebe o premiado jornalista e escritor, Klester Cavalcanti, para uma noite de autógrafos e palestra sobre o livro "Dias de Inferno na Síria - O Relato do Jornalista Brasileiro que Foi Preso e Torturado em Plena Guerra" (Benvirá). Gratuito e aberto à comunidade, o encontro faz parte do projeto Academia UniBrasil, que recebe personalidades para democratizar a informação e fomentar o debate no ambiente acadêmico.
Em maio de 2012, o autor saiu de São Paulo com a missão de registrar a realidade da guerra civil na Síria, iniciada em março de 2011. Com o visto em mãos e um contato esperando-o em Homs, então epicentro do conflito entre as forças do ditador Bashar al-Assad e os rebeldes do Exército Livre da Síria, ele partiu para o país que sofria com a guerra. O plano de Cavalcanti era entrar em território sírio pela fronteira libanesa e acompanhar por alguns dias a ação dos rebeldes. Mas nada aconteceu como planejado. O jornalista foi preso pelas tropas do governo sírio, torturado e encarcerado por seis dias numa cela que dividia com mais de vinte detentos.
Durante o período em que viveu no inferno, Klester não sabia o que o futuro lhe reservava. Acostumado a denunciar violações dos Direitos Humanos no Brasil, o jornalista conseguiu fazer seu trabalho no ambiente inóspito da prisão. Ali estavam os personagens e as histórias de vida de que precisava para retratar a guerra civil, ouvindo os tiros e explosões que vinham das ruas que viu e fotografou antes de ser capturado pelo Exército Sírio e pelas milícias do governo.
O livro é o resultado dessa experiência. A obra apresenta o conflito sírio de uma perspectiva inédita, ou seja, de dentro - ao mesmo tempo em que faz que as vítimas e os algozes da guerra ganhem uma dimensão humana que faz refletir sobre a dor, a tolerância, a amizade, o amor e a fé.
Até hoje, Klester Cavalcanti é o único jornalista brasileiro a entrar em Homs, a terceira maior cidade da Síria e uma das mais afetadas pela guerra. "O mesmo lugar onde a jornalista americana Marie Colvin, com larga experiência na cobertura de guerras, foi morta, pouco tempo antes da minha chegada", lembra o autor.
Segundo o jornalista, fazer cobertura de guerra é uma atividade perigosa e que exige estar muito bem preparado mental e espiritualmente. "É preciso estar consciente de que, numa guerra, tudo pode acontecer, inclusive a morte. É preciso focar totalmente no trabalho a ser feito e esquecer questões pessoais", revela. "Torturado, e salvo após atividade intensa do governo brasileiro, Klester tem uma experiência extremamente importante a ser passada aos alunos e professores das mais diversas áreas de conhecimento", reforça a coordenadora do projeto UniBrasil Academia, Wanda Camargo.
Para a coordenadora do curso de Jornalismo da UniBrasil, Maura Martins, a presença de Klester Cavalcanti no ambiente acadêmico possibilita aos estudantes o contato com um "repórter de rua" - termo que, segundo ela, deveria ser uma redundância, mas não é. "Trata-se do profissional que busca a pauta nas ruas, nos conflitos, nos dissensos, de forma a mostrar à sociedade o que realmente ocorre em seus entornos e fora deles - o que deveria, idealmente, ser a vocação de todo jornalista. Certamente a experiência de Cavalcanti trará boas pistas aos estudantes de como melhor captar pautas provocativas, corajosas e que intentem valorizar os direitos humanos", afirma.
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