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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

história e preservação de biomas nos jardins da casa cor MINAS

Arquitetos e paisagistas da mostra apresentam as tendências deste ano para jardins, com toques do rústico e conceitos modernos
"A concepção de um jardim envolve questões filosóficas. Sendo assim, o processo de criação deve ter sempre um sentido maior do que somente a preocupação estética". Em entrevista para a Revista França Brasil, o paisagista e presidente da Federação Francesa de Paisagismo, Michel Pena, deixou claro que a elaboração de jardins não é tão simples quanto parece. Com três jardins de particularidades e conceitos diferentes, a Casa Cor Minas traz o que há de mais novo na criação desses espaços. Entre os destaques, elementos ecologicamente conscientes –pergolado de madeira certificada e luminárias orgânicas, no Jardim de Entrada; utilização de exemplares vegetais nativos, com cultivo em locais onde havia o extrativismo, reaproveitamento de resíduos da mineração e decks de pallets, no Jardim Rupestre; bromélias cultivadas em viveiros, no Jardim Formas e Tons.
Além da consciência ecológica, outra característica marcante dos espaços de interação entre o homem e a natureza foi a utilização de elementos que remetem à história mineira, com marcas do rústico, mas sem deixar de lado a sofisticação característica da Casa Cor. No Jardim de Entrada, os visitantes caminham sobre lajões trazidos da cidade histórica de Mariana. “Precisamos de uma tremenda logística para trazê-los para a mostra. No total, as pedras pesam cerca de 10 toneladas”, conta Rubens Haddad. No Jardim Rupestre, o toque rústico, e sustentável ao mesmo tempo, ficou por conta dos decks de pallets, aquelas ripas de madeira usadas para fazer caixas de frutas em feira. “O material é reciclado, revestido com tacos de madeira jatobá de uma antiga quadra de esportes”, comenta o arquiteto Haiko Cirne Sinnema.
E o que poderia ser mais rústico e emblemático da cultura mineira que os enormes tachos de cobre? Eles fazem as graças do Jardim Formas e Tons, ao lado das relíquias de clássicas fazendas e peças de ferro de antigas siderúrgicas mineiras. “O efeito é a formação de um contraste com a leveza e as cores das bromélias”, diz o paisagista Flávio Cunha.
Toques especiais
Ateliê, quarto de casal, lounge ou escritório. No Jardim de Entrada os visitantes podem soltar a imaginação, pois com pequenas alterações, todos essas funções podem ser realizadas no ambiente de 140 m². “A ideia foi criar um espaço multiúso, no qual é possível soltar a imaginação com as descobertas particulares e sonhos secretos”, conta o paisagista Droysen Tomich, que criou o espaço em conjunto com o também paisagista Rubens Haddad. O toque especial fica por conta das orquídeas, do jardim vertical irrigado por gotejamento inteligente, do espelho d’água, das hortas in boxes – tendência em apartamentos e moradias com espaço restrito e das plantas regionais e exóticas.
IMG_Jardim Rupestre - Detalhe 01
Seguindo a tendência indicada pelo paisagista Roberto Burle Marx ao desenvolver os jardins do Complexo da Pampulha: valorizar plantas típicas do cerrado mineiro e dar um novo uso aos resíduos de mineração, a paisagista Elcy Luna Celani e os três arquitetos Haiko Cirne Sinnema, Marcelo Duarte e Marcos Franchini, criaram o mais extenso jardim da Casa Cor, o Jardim Rupestre, com 490 m². Para a elaboração do espaço foram utilizados exemplares raros e vulneráveis do cerrado (uma vez que dividem espaço com atividades pastoris, mineradoras e plantações de eucalipto) trazidos das áreas de cultivo do projeto estadual Flores das Geraes, desenvolvido pelo SEBRAE-MG. “O jardim insere no cenário urbano plantas próprias do cerrado, bioma Caixa de texto: Jardim Rupestre: Vegetação do cerradonatural de Minas Gerais. A ideia é incomum se comparada aos recorrentes projetos com plantas exóticas”, comenta a paisagista Elcy Luna Celani.
Jardim Formas e Tons 2Típicas das florestas tropicais, as bromélias são o centro das atenções no Jardim Formas e Tons. Suas curvas e cores características guiaram a elaboração dos 500m² do jardim criado pelos paisagistas Flavio Cunha, Mariana Lorraine, Vânia Oliveira e a Arquiteta Janaina Rezende.“Pensamos em sintonizar a geometria dos espaços com as curvas e com as cores das bromélias, que foram cultivadas em viveiros para desestimular o extrativismo”, comenta Mariana. O resultado foi o contraste entre as linhas retas dos bancos e dos caminhos, por onde os visitantes podem ter um contato direto com a vegetação, as curvas e cores das bromélias.

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