A morte recente da precursora do cinema pornô Silvia Krystel, nos incontáveis papéis da inesquecível Emmanuelle, me trouxe à lembrança algumas recordações lá da metade da década de setenta do século passado. Era tempo ainda de vigor absoluto dos cinemas de rua tanto que audaz empresário construiu bem ali ao lado do trilho do trem, junto ao Graciosa, o Cine Ribalta. Não se sabe ao certo se os registros legais tinham só no endereço a identidade, o fato é que toda gurizada do Clube freqüentava livremente os gigantes salões do Ribalta. Dizia-se até que o cinema era do Clube. Pra mim, hoje avaliando melhor, me parece que os pais estavam por lá a propiciar aqueles ingressos livres aos garotos. Afinal, naquele tempo, a eles cabiam os ensinamentos das coisas do sexo, porque as escolas ainda não tratavam do tema. O fato é que os meninos iam e vinham enfeitiçados por Emmanuelle (1,2, 3,...) Depois dela, os garotos iniciados eram associados a um mundo novo, a uma confraria de conhecimentos secretos que só a eles, os meninos, era permitido pertencer... Isolados em conversas de entendidos aqueles rapazes tiveram, com toda certeza, tardes de lazer inesquecíveis. Com absoluta certeza, posso afirmar que, se lhes fosse autorizado retornar à vida, hoje todos aqueles empresários e proeminentes pais de família estariam lá a transpor as cortinas grossas de entrada, vencendo a escuridão da novidade, a acomodar os olhos em sentimentos que lhe conduziriam à vida adulta, repleta de mistérios que, deliciosamente, começavam a desvendar. Adeus Silvia, adeus Emmanuelle, inocente reviva nas redes digitais.
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