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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Nova crise global emerge na China, diz Nobel de Economia

Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2008, esteve no Brasil esta semana para participar da HSM ExpoManagement. Autor de mais de 20 livros e professor da Princeton University, ele mostrou-se otimista com o Brasil, apesar de, segundo ele, "o país vir dando motivos para ser pessimista". Para o economista, a recessão instalada é reflexo da popularização do País com a "moda" implantada pelo termo BRICs, que agrupou países que não tinham nada em comum e fez com que muitos investimentos externos fossem direcionados aos chamados "países emergentes".
"Acontece que o Brasil nunca teve um crescimento de produtividade que justificasse um investimento externo grande", argumentou. E o pior: quando o Brasil ficou "popular", a dívida do governo cresceu. "Aprendemos que dívidas em moeda estrangeira deixam o país muito vulnerável", lembrou. Então, o Brasil sofreu um choque duplo: a diminuição do investimento estrangeiro e a queda no preço das commodities. "Para reforçar o problema, o País adotou uma política econômica perversa, aumentando as taxas de juros e fazendo cortes orçamentários emergenciais", disse.
O economista compara a crise brasileira com o atual momento do Canadá, que também sofreurecentemente a desvalorização da moeda e vive uma espécie de bolha imobiliária prestes a explodir. "O futuro deles também não é muito otimista", afirmou. "Mas, ao contrário do Brasil, o Canadá não tem histórico de inflação alta, não aumentou as taxas de juros e não diminuiu investimentos", ressaltou.
Para Krugman, a crise brasileira pode ser comparada à americana de 2008 mas, segundo ele, isso não é algo inédito no mercado brasileiro. "Um dos maiores problemas do Brasil é a falta de credibilidade. A história não está do lado de vocês. As vulnerabilidades tradicionalmente agregadas ao Brasil estão emergindo", disse. Para o economista, com os problemas específicos do governo brasileiro, como acusações de gastos descontrolados e corrupção, fica muito difícil escapar de uma recessão econômica. "Com a perda de confiança, as taxas de juros aumentaram e o Brasil caminha na mesma direção da Grécia", alertou.
A perda da credibilidade reforça o que Krugman apontou como uma "consequência ruim do romance": quando os gringos descobriram que o Brasil continuava a ser o mesmo País de antes, que não teve uma transformação como a Coreia do Sul, o Brasil começou a perder os investimentos e "deixou de estar na moda". Mas a principal consequência da falta de credibilidade do País, segundo Krugman, é a forma como a mídia mundial vem descrevendo o Brasil: "há um pânico e exagero geral da mídia que piora tudo. O Brasil está sendo retratado no mundo como caso de fracasso total", revelou. "Isso torna as coisas especialmente difíceis para o governo".
Mas o otimismo de Krugman prevê uma recuperação em médio prazo. "O declínio do Real vai ficar para trás, a inflação vai cair e a pressão das taxas de juros sobre a economia será aliviada. Já podemos vislumbrar um resultado melhor. Daqui a um ou dois anos, o Brasil vai começar a ver uma grande reviravolta. O declínio da moeda é transitório", assegurou.
Porém, o Nobel de Economia alertou para que o Brasil fique atento a dois fatores que podemprejudicar a economia do País: o primeiro deles é a política monetária dos Estados Unidos, com o aumento das taxas de juros, no próximo mês. Mas o fator mais importante, segundo Krugman, é que talvez estejamos enfrentando o início de uma nova crise global, que está emergindo na China. "E isso vai afetar muita gente, inclusive o Brasil", finalizou.

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