Projeto, que teve como base estudo do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, está perto de virar lei. Doença tem incidência 15 vezes maior no estado
23 de novembro é Dia de Combate ao Câncer Infantil.
No Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil (sexta-feira, 23 de novembro) deste ano o Paraná está muito perto de se tornar o primeiro estado brasileiro a instituir oficialmente um exame em recém-nascidos que detecta uma mutação genética que predispõe um tipo letal de câncer infantil – o tumor de córtex adrenal.
Projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa, baseado em estudo inédito do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPP), encontra-se em fase de sanção por parte do governador Beto Richa. A sanção tornará obrigatório no Estado que recém-nascidos passem por exame de DNA para detectar uma mutação genética altamente associada a tumor maligno. O custo de cada exame fica em torno de R$ 8.
Com isso, será possível acompanhar a evolução da criança, localizando precocemente uma eventual incidência do câncer. Na fase inicial, ele é facilmente curável por meio de uma operação simples (da glândula localizada acima dos rins). A doença, que surge normalmente até os dois anos de idade, mata em no máximo cinco anos se for diagnosticada tardiamente.
O tumor do córtex adrenal tem uma incidência 15 vezes maior no Paraná, por conta das características de evolução genética da população (mas não se sabe o que gerou essa mutação). Entre a população geral do país, a incidência é 4 casos a cada 1 milhão de habitantes. Nos EUA, há 0,3 casos para cada 1 milhão.
A cada 33 portadores da mutação, um desenvolve o tumor. O trabalho desenvolvido pelo pesquisador Bonald Figueiredo, do IPP, foi o primeiro rastreamento neonatal do mundo a usar o exame de DNA para identificar mutação genética que predispõe o paciente a câncer.
“Este teste é essencial para diminuir a incidência de câncer na população infantil”, explica Figueiredo. “É o único que permite identificar a probabilidade da criança desenvolver um tumor, além de alertar à família sobre a possível doença também nos demais membros.”
O estudo identificou ainda que a mesma alteração genética está ligada ao desenvolvimento de outro câncer, o carcinoma de plexo coróide (localizado no cérebro e também altamente letal).
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