Foi o caso da Mesa “O avesso do realismo”, que contou com as participações dos escritores Bernardo Carvalho e Atiq Rahimi. O que seria um encontro de dois autores que supostamente teriam muito em comum – a começar pela tendência à experimentação e a negação do estilo realista – terminou por criar um debate amigável, porém provocante.
O afegão Atiq Rahimi, de passado sofrido e marcado por guerras durante a infância, iniciou o debate afirmando que a literatura seria dotada de uma natureza universal e poderosa ao comunicar-se e atingir a humanidade no que esta tem em comum entre as culturas, criando assim uma noção de “união” através da arte. Bernardo Carvalho, carioca radicado em São Paulo, reagiu imediatamente a essa afirmação, expressando a opinião de que são justamente as resistências culturais e diferenças entre literaturas o que tornaria a arte tão rica, pois há coisas “muito mais interessantes do que bons sentimentos” para a criação de obras literárias.
Ao não concordarem em quase nada, os autores terminaram por presentear a plateia com bons argumentos, explicitando também a diferença gritante entre suas personalidades: Rahimi, calmo e humanista; Carvalho, provocador e objetivo.
Julián Bargueño- Curitiba
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